A medida de importar arroz foi tomada em resposta às inundações no Rio Grande do Sul. No entanto, empresários e especialistas a consideram uma intervenção no mercado. Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e deputado pelo PP-PR, criticou a iniciativa nesta terça-feira (4), argumentando que o governo deveria priorizar a alocação de recursos para o Plano Safra 2024/25 em vez de financiar a importação de arroz. Segundo ele, o arroz importado da Ásia é de “quinta categoria” e a medida tem um caráter “politiqueiro” e “oportunista”. “Estão entregando arroz de baixa qualidade para a população apenas para promover o governo, colocando a marca do governo em pacotes nos supermercados. É um absurdo e um desrespeito”, afirmou Lupion aos jornalistas, após a reunião semanal da bancada ruralista. Ele também defendeu que, ao invés de gastar R$ 7,5 bilhões na compra de arroz, o governo deveria investir esse montante no Plano Safra, o que seria um uso mais eficaz dos recursos. A medida provisória anunciada pelo Executivo direciona fundos para a importação de arroz através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com validade imediata, embora necessite de aprovação do Congresso em até quatro meses. Com essa importação de um milhão de toneladas de arroz, o governo pretende vender o grão diretamente nos supermercados e redes atacadistas do país, com rótulo próprio e preço fixado. Durante a reunião da FPA, que contou com a presença de importantes autoridades, como o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, e o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Dâmaso, a discussão foi considerada produtiva, mas ainda sem uma solução concreta. “É crucial termos um Plano Safra robusto, especialmente em relação à equalização de juros. Precisamos de pelo menos R$ 3 bilhões para seguro rural e apoio à comercialização”, declarou Lupion. Ele ressaltou a urgência de uma resposta governamental, com prazo até 30 de junho, para que se organize um Plano Safra efetivo e proporcional às crises enfrentadas pelo setor, incluindo os problemas recentes no Rio Grande do Sul.