No coração do Rio Grande do Sul, uma operação desencadeada pelo Ministério Público revelou um mercado sombrio: a venda ilegal de carne de cavalo. Seis pessoas foram recentemente condenadas por participação em uma organização criminosa, após quase três anos de investigações em Caxias do Sul. Mas, afinal, a carne de cavalo é legal no Brasil?
Sim, é legal. O decreto do Ministério da Agricultura de 2017 permite seu consumo, desde que o abate ocorra em locais inspecionados. Entretanto, a carne de cavalo raramente encontra espaço na mesa dos brasileiros, um reflexo de nossa relação cultural com esses animais, vistos mais como companheiros ou auxiliares no trabalho do que fonte de alimento.
No exterior, a história é diferente. Em 2021, o Brasil exportou mais de 12 milhões de dólares em carne equina, principalmente para a Ásia e a Europa, onde pratos como o basashi japonês celebram sua textura e sabor únicos.
Mas o que torna a carne de cavalo especial? Segundo especialistas, ela é mais escura, firme e menos gordurosa que a bovina, além de rica em proteínas e minerais como ferro e zinco. Um estudo até aponta que ela poderia atender a um terço da necessidade diária de adultos desses nutrientes.
Apesar desses benefícios, um projeto de lei visa proibir o abate de cavalos no país, alegando práticas cruéis nos procedimentos. A proposta, que ganhou o apoio da Comissão de Agricultura da Câmara, aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça.
Entre a tradição e a inovação, o debate sobre a carne de cavalo no Brasil revela não apenas questões culturais, mas também preocupações éticas e de saúde pública. O futuro desse mercado, agora mais do que nunca, está sob os holofotes da nação.